Curiosidades

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Cova do Inglês 

Tradição Popular 

No histórico Bairro do Viradouro existe uma cova onde foi enterrado um inglês. Alguns moradores afirmam que ele era acionista da "Great Western"(*); outros comentam que era engenheiro da empresa e morava em Escada, próximo à Estação.

O inglês era protestante e como o único cemitério da cidade ficava no antigo campo ao lado da Matriz, ele pediu, antes de morrer, para não ser enterrado ali. O seu pedido foi atendido e, como naquela época se enterrava gente em qualquer canto, o seu corpo foi sepultado no atual Bairro do Viradouro. A cova foi dupla e era protegida por uma grade de ferro, resistente e bem trabalhada. Durante muitos anos, sempre vinha gente de Recife visitar a cova. Com o passar dos tempos, as visitações tornaram-se escassas; até que, definitivamente, deixaram de comparecer ao local.

Um antigo morador contou que, na cova do inglês, nasceu um araçazeiro que dava frutos enormes e saborosos. Muita gente não comia os araçás porque a árvore ficava sobre a sepultura. Outro senhor, que reside no bairro, narrou que, certa noite, o inglês apareceu em sonho a um funcionário da estação e lhe deu uma botija. O mesmo não aceitou alegando que, para tirá-la, teria que se mudar da cidade e ele não pretendia sair de Escada.

Atualmente, no lugar onde fica a cova do inglês foi construído o terraço de uma casa. Quanto à grade que protegia a cova, foi colocada no quintal da casa vizinha, onde permanece até hoje.

(*) Great Western - Companhia Ferroviária Inglesa, que implantou a rede ferroviária em Pernambuco.


BORTHWICK E LOCKYER

Dois ilustres ferroviários ingleses falecidos em Recife 

Nos primórdios da nossa estrada de ferro, a Recife and S. Francisco Railway ou Estrada de Ferro do Recife ao São Francisco, a primeira do norte e nordeste e segunda do Brasil, pela carência local de pessoas habilitadas foram trazidos da Inglaterra engenheiros, pessoas de escritório e de oficina, capatazes, feitores de turma e mestres de obras. muitos deles aqui ficaram para sempre, vitimados por causas de diversas, como fossem ''a febre amarela e a moléstia de tantos trabalhadores (tanto ingleses como nacionais) provocadas parcialmente pelos miasmas dos mangues e pântanos ao redor dos Afogados, perto do Recife e parcialmente por eles trabalharem as mesmas horas e continuar nos mesmos hábitos de beber e vestir-se como se estivessem na Inglaterra em vez dos trópicos'', segundo registra ''Relatório da Comissão nomeada pelos acionistas'', datado de maio de 1858.

Dentre esses ingleses encontra-se dois ilustres vultos - o Engenheiro Michael Andrews Borthwick e o poeta Stewart Burn Lockyer.

O primeiro, enviado pelos concessionários britânicos interessados no privilégio dessa via férrea, veio do Egito onde se encontrava como engenheiro-chefe da estrada de ferro do Ístmo de Suez, tendo chegado a Pernambuco em princípio de junho de 1853. Técnico de elevado conceito internacional, logo foi designado para engenheiro-chefe da exploração, tendo, pouco tempo depois, no fim de julho seguinte, apresentado importante relatório dando conta dos encargos confiados, dentre os quais ''marcar a direção precisa e orçar e despesas do caminho-de-ferro'' a ser construído.

Nesse documento Borthwick opina seguissem os trilhos, que haviam de partir do Recife, rumo à confluência dos rios Pirangi e Una (o posteriormente surgiu a atual cidade de Palmares) e não mais Água Preta (então povoação) conforme estipulava a concessão anterior concebida aos irmãos Mornay, os primeiros a conseguir privilégio do Governo Imperial, para construção de um ferrovia em Pernambuco.

Em data que não conseguimos precisar, depois da apresentação desse relatório, viajou ele à Europa.

No fim de maio de 1856, já seriamente doente, deixou a Inglaterra de volta ao Brasil. Ao passar em Lisboa foi examinado por uma junta médica, que poucas esperanças externou sobre o seu restabelecimento

    


Maria Chorona

As disputas internas entre os oligarcas açucareiros no Brasil não se limitavam apenas às questões políticas, mas envolviam também conflitos relacionados à posse de terras, testamentos, gado, escravos e até mesmo disputas conjugais. Essas rivalidades frequentemente resultavam em atos de violência, mas eram, em grande parte, conflitos interpessoais entre indivíduos e famílias, sem configurar um enfrentamento entre classes sociais. Estudos modernos apontam que os principais agentes dessa violência, conhecidos como capangas e cangaceiros, desempenhavam um papel de protesto social, ainda que nem sempre de forma plenamente consciente.

O cangaceiro, nesse contexto, era um indivíduo marginalizado que, por força das circunstâncias, tornava-se um fora-da-lei profissional, encontrando no banditismo uma alternativa para enfrentar um ambiente social hostil. Em Pernambuco, o cangaço se manifestava principalmente no agreste e no sertão, sendo sua presença na Zona da Mata menos frequente. No entanto, há registros históricos da atuação do cangaço nessa região, como o ocorrido em 1899, no município de Escada, especificamente no Engenho Jundiá, propriedade do coronel Manoel dos Santos Dias, primeiro prefeito eleito da cidade.

Nesse episódio, o cangaceiro Antônio Silvino, ao tentar raptar a esposa separada do enteado de um usineiro local, acabou provocando uma tragédia, resultando na morte de cinco pessoas, incluindo a jovem filha do coronel. A fatalidade ocorreu quando a jovem foi atingida enquanto estava na janela da casa-grande, vindo a falecer no local. Esse acontecimento evidencia a brutalidade inerente ao cangaço e sua interferência no cotidiano das elites e da população em geral, revelando as tensões sociais e os desafios enfrentados na sociedade da época.


Índio Valentim 

Manuel Valentim dos Santos foi o primeiro índio da Aldeia de Escada que em 1858 saiu com a sua família para residir em Riacho do Mato indignado com os posseiros que invadiram as terras indígenas em Escada.

Segundo a tradição escadense, Valentim ficou tão revoltado com essa situação que ao sair da aldeia rogou uma praga dizendo: "Que a maldição recaia sobre ti terra maldita...". Tal citação ficou conhecida pela população escadense como "A praga do Índio".

Em fins de 1841, Valentim e um grupo de índios se envolveram em um conflito que terminou em processos e prisões.

Em 1859, Valentim foi reconhecido maioral dos cercas de 20 índios da aldeia de Escada que estavam morrendo em Riacho do Mato.

Em 1861, diante das constantes invasões das terras do aldeamento escadense os índios Manuel Valentim dos Santos e Jacinto Pereira da Silva, viajaram a Corte do Rio de Janeiro onde solicitaram a transferência dos índios da Aldeia de Escada para Riacho do Mato.

Em 1862, por ordem do Ministério da Agricultura foi revogado a remoção dos índios da aldeia de Escada para Riacho do Mato.

Em 1864, Manuel Valentim dos Santos viajou pela segunda vez ao Rio de Janeiro onde conseguiu do Ministério da Agricultura o direito de se estabelecer no Riacho do Mato, reconquistando a permanência no local onde tinha morada e plantações. Na aldeia ele ocupou os cargos de Capitão e Procurador dos Índios, denunciando ao presidente da província a violência praticada pelos posseiros contra os índios e as famílias agrícolas.

Em 1866, Manuel Valentim dos Santos enviou um requerimento ao Imperador reclamando o descumprimento da demarcação de terras que fora determinado pelo Ministério da Agricultura.

Em 1875, Manuel Valentim dos Santos cansado de lutar em defesa dos índios que ainda se encontravam na Aldeia de Escada e os de Riacho do Mato, afirmou está enfrentando há 12 anos uma guerra civil para legitimar a posse de léguas de terras do aldeamento em Riacho do Mato.

Manuel Valentim foi um índio determinado e audaz que dedicou parte de sua vida em defesa dos índios da aldeia de Escada, lutando por pedaço de terra onde pudesse sobreviver e preservar a cultura e a identidade do seu povo.   


ESCRAVO FUGIDO 

Fuga de dois escravos - Publicação: Jornal O LIBERAL

(Texto original escrito em março de 1870)

Fugio do Engenho Braço do Meio Freguesia da Escada no dia 20 de Abril p p. um escravo de nome Marcos, crioulo idade 23 annos, pouco mais ou menos bonita figura côr preta, alto, rosto regular tem falta de um dente na frente e os outros são limados a ferro anda de calça e palitó chapeo de baêtá a garibalde, deve mudar de traje por que leva palitó preto e branco é official de Carpina, e leva uma regra de madeira de quatro a cinco palmos de comprimento conduz um baú de flandre com alguma roupa e um par de broseguins e sahio com uma criôla de nome Francisca tambem de cor fulla e tem os beiços grossos por defeito nos dentes, esta vai de vestido de chita, de cinco branco e flor cor de rosa, pede-se as Autoridades e Capitães do Campo a captura dos mesmos e levallos no dito Engenho, ou na rua do Livramento n 20 em casa de Correia & Cª. Que serão recompensados.


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